Abaixo segue duas citações do livro ARUANDA (de Robson Pinheiro pelo espírito Ângelo Inácio):
"Creio que a atual confusão que se faz nas terras brasileiras
quanto ao "Espiritismo e à Umbanda fez surgir uma espécie de reserva nos
chamados médiuns de mesa em relação aos médiuns de terreiro. O estigma gerado
foi tão grande que os irmãos espíritas parecem "tremer nas bases" toda vez que
alguém confunde as duas religiões. É claro que sou a favor do esclarecimento do
povo e da sociedade em geral, mas, primeiramente, é preciso fazê-lo no meio onde
impera essa confusão, isto é: entre espíritas e umbandistas. Por que tanto
desconhecimento e mal-entendido assim, meu Deus?
Espiritismo é Espiritismo
e disso nenhum de nós duvida, assim como Umbanda é Umbanda e não há como deixar
de distinguir as duas coisas. No entanto, a guerra que se faz por aí contra os
espíritos que se manifestam como pretos velhos e caboclos é tão grande que serve
apenas para fortalecer o preconceito.
Da mesma forma, ninguém ignora que
muitas instituições espíritas veneráveis, embora de forma velada, acabaram
aceitando a presença desses companheiros desencarnados, como os pais velhos, pois
sabem que a forma exterior não é nada, mas a essência é tudo. Fico aqui pensando
e rascunhando meus escritos: será que nossos companheiros de Doutrina Espírita
acham que espírito atrasado só pode ser preto velho? Será que brancos idosos, com
olhos azuis e cabelos loiros, acaso não podem ser espíritos obsessores?
É
necessário voltar para o que ensina Allan Kardec em O LIVRO DOS MÉDIUNS. Ele
esclarece que o espírita, tanto o evocador quanto os médiuns, deve se ocupar
mais com a análise do conteúdo da comunicação que com a forma ou o nome com que
se manifesta o comunicante; observar o que o espírito diz, sua elevação moral.
Todavia, diante de tanto receio com relação a essa tremenda confusão religiosa,
o que muitos estão fazendo é exatamente o oposto do recomendado pelo
codificador. Esquecem-se do conteúdo — ou melhor, nem deixam o espírito
comunicar-se direito, pois logo querem doutriná-lo. Só porque o infeliz
resolveu manifestar-se como um preto velho!
Também, que assim seja: por
que, afinal de contas, ele não escolheu ser um branco velho? Talvez assim
pudesse fazer seu trabalho direito... pelo menos, entre muitos
espíritas."
________________________________________________________________________
"—
Ângelo, você é um espírito que se afiniza muito bem com o método
educacional espírita, e não vejo razão para ser diferente. Nosso campo de
trabalho é outro. Envolvemo nos com companheiros que trazem uma lembrança atávica
impressa em seu campo espiritual. Sua cultura, seus costumes e crenças, vividos
ao longo de encarnações e encarnações, forçamos a falar uma linguagem
diferente, para que sejamos compreendidos com clareza. Contudo, a verdade que
desejamos transmitir é a mesma, Ângelo.
E não ignoramos de modo algum o
sentido divino que existe na codificação espírita. Reconhecemos a natureza do
Espiritismo e a verdade da revelação dada a Allan Kardec. Em essência, ensinamos
a mesma coisa, pontificamos a mesma verdade: nosso alvo é que é diferente, nosso
público é outro. Por isso julgamos necessário nos apresentar dessa forma e falar
nessa linguagem mais simples, popular. A meu ver, ao agir assim praticamos o
método que herdamos do grande professor da Galileia: a pescadores, falar sobre
pesca e marés; a cobradores de impostos, referir-se a moedas e
talentos.
Isto é: a cada um, a mesma verdade, adaptada, porém, a seu
entendimento, sua cultura e sua maneira de ver a vida"
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