sábado, 25 de janeiro de 2014

Entendendo a Umbanda...

     Não temos “feituras de cabeça”, boris, raspagens, camarinhas, roncós, corpo fechado, ebós, orunkô, feitura de santo, bascos, firmo de nação, etc. 

    As sessões obedecem a horários pré-estabelecidos. Não vemos nenhum sentido em sessões madrugadas adentro. Por que não? Simplesmente por ser contraproducente, ninguém consegue manter a “gira firmada” por tanto tempo, as pessoas trabalham, ficam cansadas, e a falta de concentração, ou nível energético dos médiuns tende a cair drasticamente após 3 horas consecutivas de culto. Além do mais a própria assistência começa a ficar desacomodada, desconfortável, gerando vibrações de impaciência e falta de interesse. Tudo isso gera um desacordo energético que acaba por influenciar o bom andamento da gira. É claro que estamos nos referindo às giras ordinárias e não às festivas. 

    O abate de animais (sacrifício) não faz parte, em nenhum momento, de qualquer rito da Umbanda 
(aberto ou fechado). 

    No que diz respeito a oferendas aos Orixás, guias, ou entidades menores, ressalto que sou contra o uso excessivo desse recurso como elemento de religação. A oferenda tem sua função específica e determinada. A banalização da mesma influencia negativamente no desenvolvimento do médium e na evolução do espírito (guia ou protetor) que a está recebendo. 

    Aqui você pode estar perguntando como e porque o uso excessivo de oferenda pode atrapalhar a evolução de um espírito e/ou de um médium. A resposta é simples e como em tudo há sempre dois lados a serem observados: Na realidade desestimulamos tudo que seja excessivo. No caso das oferendas, existem conseqüências de ambos os lados, material e espiritual. 

Do lado material: 

a) O custo dos elementos da oferenda (muitas pessoas chegam a deixar de comer, ou até mesmo, permitem que falte alguma coisa dentro de sua casa para comprar os elementos da oferenda). 
b) Estímulo a barganha espiritual, ou seja, o ofertante acredita que oferendando alguma coisa poderá obter privilégios junto a espiritualidade. 
c) Estímulo a preguiça espiritual no sentido da evolução, ou seja, o ofertante começa a acreditar que a oferenda substitui o seu empenho em melhorar enquanto pessoa, geralmente com a famosa frase : “Eu cuido do meu santo, já arriei minhas coisinhas”. 

Do lado espiritual: 

a) Pela pessoa somente se interligar com a espiritualidade através da oferenda, as entidades receptoras começam a pedir cada vez mais oferendas com o intuito de estarem sempre próximas da pessoa, pois sabemos que para que haja aproximação da entidade é necessário que haja sintonia de pensamentos e sentimentos. Quando fazemos uma oferenda, geralmente elevamos a nossa faixa vibracional e nos harmonizamos com a entidade. Isso faz com que comece a haver uma espécie de “vício” ou “ciclo vicioso”, onde entidade e pessoa começam a precisar da oferenda para se comunicarem. 
b) Disso surgem pedidos cada vez mais frequentes impedindo a evolução da pessoa e da entidade que começa a ver na oferenda a única forma de contato com a pessoa ofertante. 

    O nosso objetivo é orientar que a oferenda deva vir apenas como uma representação material de agradecimento e não de comunicação com as entidades, que basicamente e de maneira geral não precisam de oferenda. Quanto menos evoluída a entidade e mais apegado a matéria for o médium, mais ambos “precisarão” de oferendas. 

    Se dispor a ser médium não significa apenas entrar para a corrente de um terreiro e dar incorporação. Mas se colocar a disposição, a serviço da caridade. E sabemos muito bem que não há necessidade da incorporação para que isso ocorra, assim como sabemos também que arriar oferenda não é “cuidar do santo”. 

    Com tudo isso exposto, esclareço que o uso da oferenda como elemento de atração, religação ou ponto de fixação dependerá da orientação de cada dirigente umbandista. 

   Havendo a real necessidade, a oferenda deve ser feita em locais determinados, normalmente junto à natureza ou reinos apropriados. Lembrando sempre de deixar o local limpo como foi encontrado. Sou absolutamente contra, por exemplo, acender velas perto de árvores (risco de 
incêndio) ou numa pedra (sujeira da cera). 

    Nós umbandistas amamos a natureza e as suas energias, como podemos sujar os locais sagrados para nós? É no mínimo incoerente. E uma coisa que o umbandista não pode ser é incoerente. 

    A situação ideal é que todas as oferendas sejam feitas dentro do próprio terreiro em alguma parte destinada para esse fim. A vestimenta básica do trabalhador de Umbanda é toda branca. Não há, sob hipótese alguma, retribuições financeiras por trabalhos executados, consultas, ou o que quer que seja, e nada, absolutamente nada, justifica a cobrança de consulta, mesmo que seja um valor insignificante ou irrisório. Alguns chegam a dizer que é para ajudar na manutenção do Templo, mas afirmo que esta é uma responsabilidade do Dirigente e seu corpo mediúnico. Existem inúmeras maneiras de se sustentar um terreiro sem que haja necessidade de se cobrar por nada que envolva o sagrado. 

    A ascensão ao sacerdócio na Umbanda se faz através do tempo, da propriedade individual, da constância e seriedade com que o médium se propõe à caridade. Objetivando auxiliar o médium nesta tarefa, são realizados determinados preceitos e obrigações, testes e avaliações. Mas fundamentalmente o trabalho, o tempo, a dedicação e o estudo são a firmeza do médium, pois não adianta fazer uma série de recolhimentos e preceitos se o médium não se entrega à função sacerdotal dentro e fora do terreiro, com responsabilidade e consciência de seu papel. 

    A prática religiosa deve ser realizada em locais específicos, nos centros. O atendimento na residência do médium pode se tornar altamente perigoso, pois não haverá as firmezas necessárias para a descarga dos atendimentos ou trabalhos lá realizados. Muitos médiuns não vêem problema algum em atender uma ou outra pessoa em casa, entretanto existem conseqüências desastrosas para quem começa assim e se deixa levar pela vaidade. 

REFERÊNCIA:
 
PERY, I.A. Umbanda: Mitos e Realidade. Disponível em: <http://caboclopenabranca.com.br/Umbanda_Mitos_e_Realidade.pdf>. Acesso em: 25/01/2014.

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